Cinco jovens açorianos foram à Dinamarca “aprender a aprender” e outras competências na multiculturalidade europeia

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Cinco jovens açorianos foram à Dinamarca “aprender a aprender” e outras competências na multiculturalidade europeia

Um grupo de jovens açorianos esteve em Copenhaga, na Dinamarca para desenvolver competências no âmbito de um intercâmbio educacional [Youth Exchange] denominado “Step Forward – EU for Youth”, no âmbito do Programa Erasmus+ da União Europeia. A Solidaried’arte – Associação de Educação e Integração pela Arte e Desenvolvimento Cultural Social e Local foi a entidade que permitiu que este projecto avançasse, através de uma iniciativa da CYN – Copenhagen Youth Network, entidade anfitriã deste programa financiado pela União Europeia, através do Erasmus+.
Joana Moreira foi a “Teamleader” [líder da equipa] deste projecto, que decorreu de 9 a 18 de Dezembro ,que dá conta como foi agora conhecer o reino da Dinamarca depois de ter ouvido falar pela primeira vez daquele país há cerca de 30 anos “quando descobri o Cavaleiro da Dinamarca da Sophia de Mello Breyner Andresen”. Joana Moreira recorda a descrição usada pela poetisa para descrever aquele país que remete “para histórias de encantar” e conta que o grupo de jovens encontrou um cenário semelhante “sem neve mas com luzes de Natal”. Quando chegaram, a 9 de Dezembro de 2019, a líder do grupo refere que “nessa altura ainda não sabíamos que esta seria uma aventura marcante”.
Agradecendo à Solidaried’arte, que “nos enviou para esta aventura e a quem agradecemos desde já por esta parceria e a possibilidade de contribuir para enriquecer sobejamente o capítulo de 2019 das nossas vidas”, que foi responsável pelas “competências matemáticas” e pela “preparação de informação sobre os trajectos”, Joana Moreira explica que apesar de estar tudo programado houve questões que os jovens tiveram de resolver ainda antes de chegar à Dinamarca. “Logo à chegada ao aeroporto de Lisboa! “Quantas coroas dinamarquesas vale um euro? E ainda temos a taxa de câmbio… E que contas, porque o nível de vida é bem mais elevado naquelas paragens de sua alteza!”, recorda. Um “pensamento lógico-dedutivo para inferir dos dados apresentados que orçamento seria necessário dispensar para a viagem”, lembrou a líder do grupo.
Depois da chegada à Dinamarca, “foi posta à prova a competência na língua estrangeira” pois chegados ao CPH Lufthavn, a estação do aeroporto, “perguntamo-nos: E agora? Que sentido tomamos? Por pouco estivemos a chegar ao Reino da Suécia pela Øresundbron, a ponte que liga os dois países. Só porque a indicação que eu pedia às pessoas que ali circulavam era Central Station e, de facto eu era direccionada para a Central Station, mas da Suécia”, lembra.
Ao fim de algumas vezes a questionar algumas pessoas, também elas à espera do comboio “encontrei uma que ali trabalhava e consegui entrar no comboio com a certeza que chegaria a København H, a estação central de Copenhaga”. Quando chegou à estação de Halvø “descobri a Polónia, porque não conhecemos apenas a Dinamarca mas oito outros países através das histórias, das experiências, do aceno, do cumprimento, do riso, enfim da cinésia, da proxémica, da mímica e da paralinguagem que caminha lado a lado com o discurso de 40 outros jovens”, afirmou Joana Moreira.
A competência linguística, através do Inglês, foi estimulada durante os 9 dias que os jovens açorianos estiveram no LerbjergCenter–Halvø, mas Joana Moreira admite que “foi muito além da língua inglesa numa curiosidade evidente pelas outras línguas em perceber diferenças e semelhanças, em darmo-nos conta da estranheza que a sonoridade das palavras pode causar ou a musicalidade de certas línguas e a descoberta da música polaca, turca ou grega, nas canções que eram pano de fundo de noites culturais e dos momentos de pausa ou descontracção”. Numa conversa com um jovem italiano, também integrante no projecto, “falávamos dos poetas de Itália e de como é isto de compreender a poesia quando não se fala a língua. Será que é possível? Ao que parece sim, porque ele estava fascinado com a escrita do Livro do desassossego de Fernando Pessoa”, explica.
A jovem líder da equipa diz que durante os dias que estiveram em Copenhaga “o sentimento que me assaltava muitas vezes era de que nem a barreira linguística nem cultural impedem a unidade europeia! É mesmo possível suplantar qualquer diferença cultural quando termos um objectivo comum e uma vontade imensa de nos conhecermos… (como aliás, sempre acreditei!) e foi muito espontânea esta conexão desde o primeiro momento”. Para lá das diferenças culturais “que emergem numa Europa que é rica na sua multiculturalidade e na sua expressão, há de facto um sentimento de ser europeu que transborda durante estes 10 dias”, diz Joana Moreira que acrescenta que “o que nos une não desmobiliza a ideia de que somos diferentes, ela só aguça o interesse para perceber como é que socialmente se reflectem estas diferenças, indagar sobre o que acontece na Europa, e como todos podemos contribuir para o projecto Europeu sonhado por Jean Monnet”. E lembra que dias depois de regressar estava numa livraria da cidade, e reparou num livro de Natália Correia intitulado “Fui à América e descobri que era europeia”. Pensou: “eu fui à Europa e percebi que era europeia! Mas mais do que isso, descobri que há uma transculturalidade universal. Encontrei-me com pessoas com origens distantes da Europa, mas que só enriquecem a solidariedade europeia que aflorou em mim naqueles dias. De algum modo pairava por estes dias a frase da declaração de Schuman “A Europa não se fará de uma só vez, nem numa construção de conjunto: far-se-á por meio de realizações concretas que criem em primeiro lugar uma solidariedade de facto” (Jean Monnet), explica.
Joana Moreira enaltece a disponibilidade da Copenhagen Youth Center, anfitriã deste programa YouthExchange-“STEP FORWARD – EU for YOU TH” – financiado pelo Erasmus+, nas pessoas do Heresh Cyn, Tamta Khutsishvili e Chako Nino Chaladze, que foram “incansáveis em criar condições para que as oito competências-chave promovidas pela Comissão Europeia para os jovens fossem desenvolvidas”. 
Em particular a expressão cultural, “competência ao nível da expressão criativa das ideias e das experiências, adoptada transversalmente às actividades realizadas, constituindo-se como metodologia utilizada quase como um todo”. Outra competência trabalhada ao longo daqueles 10 dias foi o Empreendedorismo. “Em modo World Café tomamos contacto com o que fazem os jovens para os jovens, por essa Europa fora e as ideias foram borbulhando no sentido do que podemos empreender em parcerias! Ou aquando da visita à Cruz Vermelha dinamarquesa! E presentemente actualizo as minhas Competências Digitais, ao procurar imagens na nuvem, fazer download de ficheiros enviados por plataformas de transferência de ficheiros de grandes dimensões, registos em plataformas para preenchimento de formulários”, refere.
Ao recordar o que viveu e experienciou, Joana Moreira diz que “materializo agora em palavras as aprendizagens que fiz e por isso organizava o aprendido! Não se chamará isto Aprender a Aprender?”, questiona ao acrescentar que era “a competência que faltava!”. Durante os nove dias que o grupo esteve em Copenhaga, acrescenta que muitas outras competências foram desenvolvidas em sessões e actividades que foram “cuidadosamente estruturadas” quer pelos anfitriões e pelas equipas de cada país, agradecendo esta experiência e incentivando mais jovens a concorrerem ao programa Erasmus+ para abrirem novos horizontes.

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